terça-feira, 1 de março de 2011

0 JORNADA ATACAMA - DIA 12

Dia 12 : 01.03.2011
Etapa II - Cafayate - AR a Fiambala-AR
Distância Percorrida : Asfalto : 475km, Cascalho: 45 km Total :520km
Depois de uma noite de trabalho (fotos e blog), dormimos muito bem no lindo hotel Los Sauces em Cafayate.


Amanhecer em Cafayate.
Acordamos como sol já dando um espetáculo em nossas janelas . De nossos amplos quartos pudemos contemplar os bonitos jardins em volta da piscina tendo como pano de fundo as torres da igreja matriz, sob o manto azul avermelhado que o sol caprichosamente colocou sobre Cafayate naquela manhã.
Na região existem outras muito boas opções de hospedagem, em “hotéis boutique” nos vinhedos ao longo da Ruta 40 nas proximidades de Cafayate, cada um mais lindo do que o outro !





Hotel Boutique junto a vinhedos Ruta 40
Depois do café de manha e um bate papo  com o carioca, Borges, que estava viajando já há alguns meses com esposa de Land Rover pela região.
Ele que estava fazendo a rota no sentindo contrário à nossa, nos alertou para os problemas da chuva na região, comentou que em um rio seu 4x4 só passou porque tem tomada de ar tipo snorkel, pois ao atravessar o rio a água passou por cima do motor, alem da forte correnteza.
Alertou-nos também que o trecho de cascalho entre Belem e Tinogasta estava intransitável devido aos muitos “derrumbles”, nosso já conhecidos desmoronamentos, assim teríamos que dar uma volta maior e ir de Belem a Tinogasta via Cerro Negro.
De volta a Ruta 40 que nesta região está bem asfaltado e com bastante Badenes.
Demorou um tempinho para entendemos o que era uma “Zona de Badenes”. Parecia coisa da Alemanha “Baden” ? que é uma região do sul da Alemanha,mas na verdade eram depressões de concreto, feitas propositalmente nas estradas que possibilitava que rios ocasionais, nos períodos de muita chuva, passara em cima da estrada em vez e abaixo. Achamos bem legal este idéia, porque evita que o rio estrague a estrada e ainda dava mais emoções para a gente ao ter que atravessar esses pequenos rios. Só para dar uma idéia de quantos badenes passamos veja nesse pequeno trecho da Ruta 40, onde passamos, quantos pequenos rios existem.
Um dos trechos de "Badenes" na Ruta 40
E claro quando tem chuva e você ao passar pelo rio tem que tomar muito cuidado, pois as vezes ele esta mais profundo, com lama e pedras e também com forte correnteza.
Inicialmente nao sabíamos bem como passar por eles, mas a cada um que passávamos ganhávamos experiência adquirindo confiança e ai então passamos a nos divertir enfrentando estes “Badenes”. Muitos tinham bastante água graças as incomuns chuvas das semanas anteriors. O dia estava perfeito de sol e muito calor (uns 30 graus).

Rio sobre a Ruta 40...esse estava "bravo"

Rio sobre Ruta 40...mais tranquilo.
Infelizmente a brincadeira acabou logo, depois uns 60 km. Chegamos no cruzamento da Ruta 40 com a Ruta 307 que nos levaria para leste para chegar em Santa Maria um pouco mais no sul. Eu queria seguir pela Ruta 40 para Santa Maria, mas nos foi fortemente recomendado de não tentar porque as chuvas ,já ouvimos muito destas chuvas incomuns argentinas, haviam destruído parte da estrada, confirmando o que nos havia informado o carioca Borges.
Até uma historia engraçada, tentando saber mais sobre as condições da estrada antes de desistirmos e perguntando ao um senhor ele disse : “acho que vocês passam sim outro dia passou um por ai”, então ao perguntamos “quando” , a piada : fazem uns seis meses e ele passou de bicicleta....
Um pouco decepcionado seguimos a R307 e aí passamos sobre uma ponte sobre o principal rio do vale para onde iam todos os rios que havíamos cruzado na estrada. O vale parecia enorme, mas depois mais a frente vimos que na realidade esse era pequeno, o grande vale iríamos ainda encontrar mais tarde.
Rio Valle Calchaqui
Mais a frente, chegando ao vilarejo de Amaicha del Valle, um muro de pedras meio estranho com pequenos arvores cercando a construção nos chamou a atenção, paramos para dar uma conferida e que aí uma boa surpresa.
Era um grande museu indígena idealizado e construído por um artista plástico autodidata, que vive na região. Decidimos visitar esse museu que falava por si mesmo, era fantástico.

Antes de entrarmos nos foi oferecido no melhor estilo clandestino, folhas de coca que no Chile se comprava abertamente em qualquer mercado.


Museu Pachamana em Amaicha del Valle
Mas aqui um senhor nos tentava vender como se fosse algo muito especial, talvez aqui na Argentina existam outras regras, por sorte não precisamos comprar na clandestinidade, já tínhamos comprado no mercado “oficial” chileno.
O conjunto de prédios, o jardim e as salas com exibicao muito bem montado e guia local que não deixa nenhuma pergunta em aberto, são de um visual inesquecível, cheio de simbologia e instrumentos do índios, que no passado haviam povoado esta região.














Estou alucinado..acho que não quero mais trabalhar!!!



















Dentre muitas coisas que aprendemos uma que com certeza interessa aos apreciadores da cerveja Quilmes. Quilmes era o nome de uma das tribos indígenas da região de fortes guerreiros que não se rendiam de forma nenhuma ao espanhóis. Depois de vários anos de sangue derramado, finalmente foram derrotados e muitos feitos prisioneiros.
Os espanhóis de forma cruel, fizeram com que os guerreiros feitos prisioneiros fossem caminhando até Buenos Aires, que esta a mais de 2.000km daqui. Bem os poucos que chegaram vivos acabaram morrendo na região próxima a Buenos Aires, onde hoje existe uma cidade chamada Quilmes, que muito tempo depois passou a ser a casa da famosa cerveja argentina com o mesmo nome.
A visita ao museu compensou por completo que não termos podido ir pela Ruta 40 com ripio e possiveis aventuras !
Mas tomou muito do nosso tempo, e como sempre ambos estávamos um pouco preocupados , já que na saída percebemos que era quase 12:00h e só tínhamos andado 70 km, dos 500 km que tínhamos de rodar hoje, e tínhamos mesmo que chegar a Fiambala para não comprometer o dia seguinte, pois de lá iríamos atravessar a Cordilheira até Copiapó no Chile, rodando outros 500 km mas com um trecho de cascalho de 200km. Por sorte ainda era verão e tinha a luz do dia ia até quase 9 horas da noite.
Antes de voltarmos com nossas bikes a estrada acabamos perdendo ainda mais algum tempo na loja do museu muito bem montada onde acabamos comprando as obrigatórias lembranças.
Fomos acelerando um pouco até Santa Maria , pouco mais de 30 km depois do museu, e paramos de novo para almoço, que em muitas vez nesta viagem não tivemos, mas desta vez pegou um fome danada e tinha restaurante bem fácil, ai não tinha como segurar . Santa Maria não é lá grande coisa e paramos no praça central e entramos no primeiro restaurante que vimos e que também não era grande coisa. Deu para descansar um pouco e comer uma “massinha” que dificilmente um cozinheiro nao consegue fazer.








Almoco em Santa Maria (com os velhinos do povoado)Ai fomos seguinto a rua principal e quase no final da cidade bem comprida, chegamos num posto de gasoline ou como se chama aqui “estación de servicio”, grande da Petrobras, mas nao tinha a famosa Nafta !! E nos não tínhamos gasolina suficiente para chegar na proxima cidade, Belén.
Como tinhamos visto um posto na entrada da cidade meio vagabundo e por isso nao tinhamos paradados, voltamos para ele pela cidade inteira e de fato tinha nafta, sei lá de qual procedência. As motos nao sentiram nada, ou seja deveria ser de boa procedência.
Aproveitamos tambem para tirar umas fotos de um monumento bem em frente ao posto, parecia uma india grávida, não tinhamos tempo para buscar explicações.
Nesse trecho de estrada vimos com certa frequência muitas casinhas vermelhas com oferendas ao "Guachito Gil" um tipo de santo não reconhecido pela igreja católica, mas muito venerado em algumas regiões da Argentina, Similar ao que acontece  no Brasil por exemplo com Padre Cícero. Quem quiser saber sobre Gauchito Gil acesse : http://www.raicesargentinas.com.ar/Notas/notas/gauchitogil.htm.

Oferendas a Gauchito Gil
De volta na Ruta 40 mandamos bem até Punta de Balago, a partir daqui foi nos prometido uns 90 km de cascalho (ripio), para nossa alegria. Mas nosso amigo Borges,o carioca que encontramos em Cafayate,nos tinha falado que eram somente uns 40 km e de muito boa condicão. E foi assim mesmo, por sorte tinham os badenes para nossa diversão, incluindo a maior que tivemos passar neste dia. A correnteza era tão forte que quase levou as motos, no mínimo tínhamos esta sensação quando passamos por ele.
O Wilson registrou em filminho parte desse trecho que foi espetacular, muito divertido...confiram:
O ripio terminou muito rápido, cerca de 50km, próximo a San Fernando.. Mas este trecho era tão legal, que quando paramos para beber algo na frente de uma loja que dizia ter de tudo,eu gritei : “ Estou alucinado, acho não quero mais voltar trabalhar”. Realmente neste momento poderiamos passar o resto da vida andando pelo ripio do mundo inteiro.
Mas tinha acabado e voltamos ao asfalto.
Faltando uns 15 quilometros para chegar a Belén a estrada estava bloqueada com varios carros emotos aguardando liberação pela policia. Fomos nos informar e acabamos descobrindo que haviam ocorrido vários desmoronamentos a frente, e que somente uma pista havia sido liberada, assim a policia fazia comboios para atravessar esse trecho em um sentido de cada vez.
Ficamos ali aguardando uns 30 minutos até podermos seguir viagem. O carro da policia ia à frente e logo atrás nós e um grupo de motos pequenas.
No meio do trecho albuns pontos com maquinas trabalhando para limpar a pista nos pontos de desmoronamento.


Ruta 40 . Aguardando liberação do comboio..
Finalmente chegamos em Belén que obviamente, tinha Estación de Servicio” mas que não tinha nafta. Aqui tinha duas opções, ou direto para Tinogasta , que nos foi recomendado de não usar ,por causa do que ??? das famosas chuvas da semana anterior, ou via Cerro Negro um pequeno desvio de uns 90 km, já com pouca gasolina.
Sem outra alternativa, seguimos em direção a Cerro Negro, e já quase sem gasolina, encontramos um motoqueiro argentino de Buenos Aires que tinha acabadou de abastecer em um vilarejo a uns 10 km de onde estávamos, chamado San Blas de los Sauces. Mais um desvio de 10 km e lá fomos nós atrás da preciosa nafta.
Afinal com os tanques cheios ainda deu tempo para um refrigerante e bate papo com dois motoqueiros que estavam com duas Yamaha 660R por ali. Nossas máquinas tinham feitas uns 18 km/l, umas das melhores médias até agora.
San Blas de los Sauces...em busca de galolina
Saímos de San Blas quase no por do sol com mais de 100 km ainda para chegar a Fiambala e com sol direito na cara porque agora na Ruta 60 estavamos indo na direção do ocidente.

Chegamos a Fiambala já com a noite estabelecida e enfrentamos dificuldades para encontra algum lugar descente para passarmos a noite. Um posto de informações turística nos indicou uma pousada, mas que era pior que a casa da Miriam na praia dos pescadores de algas em Los Bronzes.
Desistimos e voltamos para a cidade e acabamos em pousada onde que parecia muito boa, mas que também estava lotada, inclusive com uma alemão da ex Alemanha Oriental, que viajava sozinho com sua BMW 1200 com placa da Alemanha mesmo.
A dona da pousada, nos disse então que ela tinha uma segunda casa que estava vazia mas que poderíamos usar.Sem muitas alternativas, fomos até lá para conferir,dois quartos com 4 camas cada um, acabamos ficando por ali mesmo. Assim a “Pousada” era 100% ocupada por nós..hehe. Banho rápido e jantar no restaurante da Pousada Municipal , a melhor da cidade mas que também estava lotada.
Um amigo que já tinha estado por aqui já havia me dado a dica sobre a Pousada Municipal, e de um Hotel Termas a uns 15 km de Fiambala, mas infelizmente chegamos tarde e não era possível ir mais as Termas, pois a estrada só fica aberta até as 14:00h.
Já era tarde quando voltamos para “nossa Pousada” para encerrar esse dia espetacular com um merecido descanso.

Texto Michael






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