Etapa II - S. Pedro Atacama-CH a San Salvador de Jujuy-AR
Distância Percorrida : Asfalto : 496km; Cascalho:40km Total :534
Sabiamos que hoje o trecho seria difícil. Pelo nosso plano original iríamos fazer a primeira das quatro travessias da Cordilheira dos Andes. Hoje seria pelo Paso Sico com 4.070 metros de altura e logo em seguida passar pelo Paso Abra del Acay com 4.975 metros, o mais alto da America Latina, isso tudo em estrada de cascalho (rípio)
Tomamos café de manhã logo as 7:30h junto com Sandra, Dil e Débora, que aqui se despediram de nós, pois hoje voltariam a São Paulo.
Saímos do hotel como pouco atraso, e nos atrasamos mais ainda para encontrar o único posto de gasolina, que fica dentro do páteo de um hotel de cabanas de San Pedro..é mole?.. aí uma falha nossa, deixamos para reabastecer no dia em que íamos seguir viagem, e se não tivesse gasolina?...o certo é sempre abastecer o mais rápido possível...chegou no destino, encha o tanque...você não sabe como vai ser depois.
Com os tanques cheios, incluindo os de reserva, fomos para o posto de alfândega tirarmos a documentação necessário para passar com moto chilena para Argentina.

Como existia o Paso Jama, todo em asfalto, próximo ao Paso Sico ninguém utilizava este último, que assim estava praticamente intransitável, pois não recebia nenhuma manutenção tanto de Argentina como Chile.

Dali mesmo já saímos em direção a Rota 27 que nos levaria a fronteira com Argentina
Com essa alteração de rota do trecho previsto para hoje, que seria de San Pedro Atacama-CH para Cachi-AR, agora passou a ser de San Pedro Atacama-CH a San Sebastian de Jujuy-AR.Subimos uma reta bem ingreme que levou a gente ao pé do vulcão Licancacabur, em plena luz da sol, quase sem nuvem e coberta no lado de San Pedro, com neve. Já aqui comecou a recompensa pela desistência do Paso Sico (vai fica para a proxima viagem). Em pouco mais de 30 quilometros subimos 2.300 m de altitude, e como já estávamos a 2200m em San Pedro de Atacama, chegamos assim a 4500m.
Olhando a mapa eu descubriu que logo a frente, passariamos próximo a um parque nacional da Bolivia, onde existia uma lagoa chamada Laguna Verde, tida com muito bonita, e com uma agua verde, lógico, espetacular.
Um bate papo via comunicador e decidimos fazer este desvio para conhece-la.
E foi bem interessante, primeiramente saimos da rota 27 de bom asfalto e entramos numa pista de terra batida, parecia estabilizada com sal, onde conseguimos andar muito bem, vejam no filminho abaixo...heheh
De repente aparece um posto de controle de fronteira da Bolivia bem rudimentar, chamado Portezuelo del Cajón e já a 4480 metros de altitude.
Tivemos quer passar por todas as fomalidades para entrar na Boliva, mesmo sendo somente para entrar uns 20 km onde estava a Laguna Verde.
Mas aí o oficial da Imigraçao boliviana nos comunicou que poderíamos entrar mas depois para poder sair teriamos que passar antes com as motos pela alfandega, que ficava a uns 50 km depois da Laguna Verde. Isso que faria desse pequeno desvio uma viagem de 140 km por rípio boliviano, o que nos atrasaria muito pois ainda tinhamos 500km para chegar ao nosso destino de hoje.
Mas ai o "colega" da imigração falou para a gente: nada que uns 10 "lukis" não resolvessem!! não preciso explicar, preciso?.., 10 "lukis" , duas carimbadas em nossos passaportes e estavamos liberados de ter que ir até a alfandega boliviana.Assim fomos adiante na pista de ripio, agora um cascalho mais grosseiro e em muitos ltrechos muito solto e acumulado nas bordas e centro da pista, até a porta da entrada do parque nacional Eduardo Evaron (15.000 Bolivares de entrada quase 40 USD), bem ele muito grande deve ter uns 100km por 60 km e tem lagoas coloridas.Mas nós pagamos tudo isso para ver só uns 3% do parque.
Passamos primeiro numa lagoa chamada Laguna Blanca obviamente com flamingos e seguimos em direcao a Laguna Verde.
Laguna Blanca...olha o ripio |
Uma distração e um banco de cascalho solto no cruzamento de duas trilhas custou ao Wilson uma pequena queda e uma pancada na perna que ele ficou sentindo por vários dias ainda.
Finalmente chegamos na Laguna Verde diretamente atras do vulcão Lincancabur, de um verde deslumbrante, tinha valido todo o esforço para estar ali.
Eu ainda fui até o ponto de observacao mais alto e para isso tive que passar um pequeno riacho. Um guia local disse que a lagoa ficava mais verde quando tinha vento vindo do vulcão, e nós tivemos a sorte de vê-la assim.
Decidimos voltar logo para a rota do Paso Jama, ese desvio tinha tomado mais tempo do que o previsto. Logo chegamos no Posto de Imigração da Bolivia e que agora tinha um grupo de pessoas com sacolas, bolsas, malas que pareciam sacoleiras da rua 25 Março de Sao Paulo...mas aqui no meio do nada !! não tivemos tempo para saber, mas deveriam ser bolivianos que tinham ido ao Chile fazer compras e agora retornavam a Bolivia.
Como havia nos garantido nosso "colega" da imigração, passamos pela fronteira sem nenhum problema e agora com mais pratica e conhecendo o caminho aceleramos pelo trecho de terra até chegarmos a Ruta CH27.
A excelente estrada continuou subindo por mais um pouco e depois parecia estabilizada. Sem sabermos estavamos passando na realidade pelo ponto mais alto de nossa viagem, a 4812 metros, sem que tivesse uma placa indicando isso. Ainda ficaríamos acima dos 4000 metros pelos proximos 200 km.
Mas quando paramos para um almoço a base de bolachas e refrigerante na beira da estrada, sentimos muito a falta do ar, mas não tivemos problemas de mal estar graças ao chá de folhas de coca que ja nos acompanhava nesse trecho.
A boa estrada passava pelo deserto sem que vissemos algo verde ou vivo por muito tempo.
De repente, e isso é a coisa legal deste deserto, aparece uma oasis de verde no meio das coloridas montanhas sem neve (mesmo nesta altura, porque já estavamos no fim do verão).
Nessas áreas verde tem vicunas pastando tranquilamente, centenas de quiilometros sem a presença de qualquer ser humano. Que contraste incrivel !! merecem várias fotos para tentar mostrar o que vimos e sentimos nesse cenário realmente indescritível.
Seguiamos desfrutando cada centímetro desse trecho, mas já se via no horizonte, na direção de nosso caminho, algo que se parecia com chuva, não era exatamente a compania que estavamos esperando, mas fazer o que!! seguimos acelerando.
Não demorou muito e nos encontramos com ela, bem forte e com 5°C de frio não nos deixou muito felizes e pior acompanhou gente por umas 3 horas.
Quando vestimos a roupa de chuva, sentimos muito falta de ar. Com qualquer esforço ficamos sem folego e acabamos usando um pouco nossa garafinha de oxigenio. O Wilson sentiu um pouco melhor com inalação do oxigenio, mas o vento forte e a falta de um bocal que ajudasse na inalação dificultou muito. Eu particularmente não senti muito o efeito da inalação de oxigênio.
Passamos a fronteira e a alfandega argentina na chuva e o frio já incomodava muito nas maos com luvas já totalmente molhadas. Pouco depois da alfandega tinha um posto de gasolina (nao há mais aventura), mas como tinhamos nosso tanque de reservas cheios, achamos que não era necessário abastecer ali.
Paso Jama fronteira Chile - Argentina |
Que susto, na hora me comuniquei com ele que deu uma freada de imediato e rapidamente tiramos o tanque, que tinha se movido no apoio da rabeta e ficado apoiado na frente da saída dos gase do escapamento. Com o calor acabou derretendo e furando.
Abastecendo com o que "sobrou" de gasolina |
Aproveitamos a parada e reabastecemos as motos, o Wilson tinha perdido aproximadamente metade do seu tanque, agora complicando um pouco pois tinhamos ainda cerca de 320 km ate o destino, o que exigiria mais um reabastecimento.
A primeira cidade era Susques, chamada de Pórtico de los Andes, um buraco de cidade, com posto que parecia ruínas do pós Guerra e a procedência da gasolina era mais do que duvidosa.A chuva não dava tregua,demorou e apareceu um frentista, abastecemos a ceu aberto com forte chuvas (por isso não tem foto).
Felizmente nossas máquinas funcionavam bem até com esta gasolina.
Seguimos viagem com uma paisagem que já se apresentava diferente, ainda com areas deserticas, mas com vegetação mais abundante. Finalmente parou de chover em um trecho de serra passamos por uma regiao repleta de cactos, interessante que se concentrava numa área muito especifica, caprichos da natureza que davam um ar todo peculiar para aquela serra.
Logo depois da serra num grande vale,passamos por um gigantesco salar (Salinas Grande, Jujuy) mas o céu ainda encoberto prejudicou nossas fotos, mesmo assim a visão daquele mar de sal era impressionante. Diferente de outros salares que já tinhamos visto, era branco, branco.
Logo em seguida subimos de novo para uma altitude de 4.200 m, o salar fica a 3400 metros.
Chegando no topo uma neblinha muito densa que muitas vez restringia nossa visão a 20 metros ou menos .
Era uma estrada com curvas muita fechadas subindo fortemente a montanha. Chegando no topo quase não tinha visibilidade nenhuma mais ai começoou uma descida ascentuada sem sabermos onde estavámos. E nós estavamos na verdade descendo o famosissimo Vale de Humahuaca, um canyon profundo, lindo de mais e um must para os turistas da regiao.
Foi declarado partimonio da humandiade em 2003 !! Que pena que nos somente vimos a faixa amarelha da estrada e nada muito alem disso por muito tempo.
Finalmente ficamos abaixo da neblinha ou seja saimos dela de baixo e vimos uma obra de arte feita pela natureza. Montanhas bem diferentes que tinhamos visto no Chile, já com os primeiros sinais de verde, um vale ainda muito profundo e oasis nos pes da montanha onde pessoas vivem muito remoto criando e plantando algo como fosse uma comunidade hippie.
Passamos por Purmamarca, uma boa opção para dormir numa das belas hosterias, frente de montanhas bem coloridas, mas decidimos de ir um pouco adiante, porque com a mudanca de Paso ficamos muito longe do destino para este dia, ou seja ficamos ainda muito no norte da Argentina.
Finalmente chegamos a um vale muito verde entrando na Ruta 9 e já com a noite caindo em San Sebastian de Jujuy.
Fomos até o centro e num posto de gasolina precisavamos reabastecer os tanques que estavam totalmente vazios.
Vi uma senhora muito elegante abastecendo um Audi, imaginei que ela poderia ser uma pessoa adequada para nos dar indicações de um bom hotel. Ela nos atendeu prontamente e gentilmente nos deu dicas sobre os melhores hoteis da cidade.
Sem mais perda de tempo rapidamente encontramos assim o melhor hotel da cidade e barato, viva o peso argentino.
Logo depois de um banho e um bom jantar, onde ainda re-encontramos dois casais argentinos que conhecemos na alfandega em San Pedro do Atacama, terminou um dia espetacular de dois homens mortos de cansado na hospitaleira San Sebastian de Jujuy.
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